Quem somos

Azores Kit Book Nook é muito mais do que um pequeno recanto de livros para crianças. Trata-se de um espaço que reúne os elementos principais do percurso literário da escritora açoriana Flame. Neste trajeto, incluímos os seus projetos literários direcionados ao público infantil, formações para adultos, o seu contributo na ilustração, bem como a apresentação de todas as suas obras literárias. É através deste site que é possível continuar a acompanhar o desenvolvimento do trabalho da autora.

Flame

“É muito comum conhecermos as pessoas pelos seus primeiro e último nome e foram muitos os anos em que ouvi me chamarem por Flávia Medeiros, fazendo com que, por vezes, me esquecesse dele completo ou, outras vezes, o escondesse propositadamente. Atualmente sinto-me inteira com o meu Flávia Raquel Correia Medeiros que me define.

Nasci no seio de uma família constituída por pai, mãe e duas irmãs, sendo eu a terceira filha, a mais nova. Vim para este mundo dez anos depois da minha irmã mais velha e sete anos a seguir à minha irmã do meio, ao que faz parte da minha história a expressão: Já não era para ter nascido. Mas vim e aqui estou desde o dia 10 de Março de 1986.

Fui criada numa casa rodeada de muito verde com vista para o azul do horizonte, intervalado por um farol. Creio que foi o que me levou à paixão por estas edificações.

Ao pé da casa dos meus pais havia uma ribeira que só tinha água em dias de chuvadas intensas. Foi nesta ribeira que a minha fantasia literária começou. Recordo-me de brincar com os meus vizinhos e vizinhas, a fazer bolinhos de terra e sopas de lama, lembro-me de rebolar na erva do pasto deixando carreiros feitos pelo corpo, mas o que mais me encanta atualmente reviver na minha memória, foram os momentos que passava sozinha, em segredo, a colocar a magia dos livros que eu lia, em prática.

Uma destas vezes, depois de ler A Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Andresen, passei pela garagem onde o meu pai tinha a ferramenta, peguei em pedaços de madeira, no meu martelo pequeno e em alguns pregos. Dirigi-me ao quintal que ficava em frente à casa dos meus pais. Escolhi um sitio entre a vinha rasteira e comecei a construir uma casinha, tal como a casinha que imaginei quando li a passagem na história da Oriana, onde existe uma casa destinada a albergar os seres mágicos da floresta. Assim, entendi que a minha casinha teria a mesma função.

Ao final do dia, fui para casa. Dormi e, no dia seguinte, fui a correr ver as fadas que lá poderiam estar. Qual não foi o meu aborrecimento quando me deparei com lesmas e caracóis dentro da minha construção. Não eram nem fadas, nem duendes, porém aqueles inquilinos lá tinham deixado um rasto brilhante em todo o interior da casa.

De uma outra vez, li na escola, algo que falava de Leonardo Da Vinci. Achei aquelas engrenagens o máximo. Houve uma que me despertou particular interesse. Era uma espécie de asas para pessoas. Assim que cheguei a casa fui, mais uma vez, à garagem recolher material para construir a minha própria asa-delta. Pequei no meu engenho e fui para o quintal. O trilho estreito que separava as duas porções de vinhas, em frente à minha casa, tinha uma inclinação, o que dava uma boa rampa de lançamento. No final desta rampa, havia um grande pasto com erva crescida, o que se transformou num sitio seguro para aterragem.

Dito e feito. Agarrei na minha asa-delta, corri o máximo que consegui e depois lancei o corpo para a frente, retirando os pés do chão. Poucos metros à frente, cai. Porém aquela sensação de voo foi tão incrivelmente magnífica que ficou registada nas minhas células. Hoje em dia, passado mais de quase três décadas, enquanto durmo, por vezes sonho que estou a voar e o meu corpo sente novamente aquela sensação única.

Muitas mais aventuras, trazidas dos livros, aconteceram, pois foram várias as minhas paixões literárias, desde os contos dos irmãos Grimm, as fábulas de lá Fontaine, os contos de Hans Christian Andersen e o tão nobre Principezinho. Quando o li pela primeira vez, não percebi praticamente nada, intrigando-me. Sempre que eu encontrava uma capa diferente com o mesmo titulo, não deixava de pegar e ler novamente.

Mais tarde, já quando eu frequentava o sexto ano de escolaridade, surgiu um concurso de escrita na escola. A professora de português nos incentivou a desenvolver uma história. Foi imediato. Tanto aceitei o desafio como comecei a escrever mentalmente a minha narrativa. Tanto escrevi e ilustrei que ultrapassei, em larga escala, o limite de páginas de participação no concurso, o que me levou a receber apenas um certificado de participação.

Foi esta mesma história, intitulada A Fada Solária que, praticamente oito anos mais tarde, foi editada. Este meu primeiro marco literário tornou-se no ponto de partida para a minha escrita dedicada aos mais novos.

Sinto que vivi uma infância feliz, porque tive tempo de ser criança.

E acredito que tenha sido o resultado destas experiências que me levaram a tamanho gosto por escrever as minhas próprias histórias.”

Percurso Académico

  • Curso Técnico Auxiliar de Infância;

  • Licenciatura em Estudos Artísticos;

  • Pós-Graduação em Educação Especial;

  • Mestrado em Arte e Educação.