12 Meses, 12 Histórias

Agora passo a expor um livro que teve um desenrolar inacreditável. Tornou-se num projeto que mesmo depois de estar feito, parecia um sonho complexo de ser concretizado. Refiro-me ao à coletânea 12 meses, 12 histórias, composta por 12 histórias alusivas ás principais épocas comemorativas do ano.

Para explicar o surgimento deste livro, preciso de recuar no tempo até ao Curso Técnico Auxiliar de Infância, da Escola Profissional da santa casa da Misericórdia de Ponta delgada, que frequentei logo a seguir à conclusão do meu 9º ano de escolaridade.

Fui colocada numa turma de 17 raparigas. Numa fase inicial, tudo me pareceu muito novo, mas em pouquíssimos dias começamos a criar laços entre nós, que acredito que deram origem a amizades que fiquem para o resto das nossas vidas. Foram três anos incríveis e inesquecíveis pelas muitas vivencias que partilhamos juntas. Foram três anos de muitas descobertas da vida interna e externa.

Quando o curso chegou ao fim e o estágio encarregou-se de separar a turma. Os meses foram passando e, pelas vidas que cada uma de nós escolheu, fomos nos afastando.

Depois de eu ter vindo viver para a Terceira, foi quase como um ponto final nesta relação com as colegas de turma.

Passaram alguns anos que perdi mesmo o contato com elas, porem, com as redes sociais, uma das colegas criou um grupo privado e conseguiu-se reunir praticamente a turma toda.

Foi tão agradável poder voltar a falar com elas e saber qual o ponto de situação da vida de cada uma delas.

O mais engraçado, é que, anos depois, e a essência de cada uma era a mesma. Os anos não apagaram aquele sentido que tínhamos de colegas de turma.

Quando cada uma começou a contar a sua vida como estava, algumas já tinham um, dois ou três filhos. Comecei a fazer as contas e dei conta que já eram cerca de 15 miúdos. E fiz o comentário, que aqueles miúdos todos já eram mais que suficientes para se fazer um livro dedicado aos filhos das colegas da Turma E.

Foi dito e feito.

De uma conversa despreocupada e em tom de brincadeira, passamos a um assunto muito sério e prestes a se concretizar.

Uma das colegas em São Miguel, a Carolina Costa, reuniu os filhos de todas e realizou o atelier de ilustração. Até os filhos de uma colega que vive no continente  participaram. Os materiais foram enviados por correio e depois de feito, foi entregue.

A ideia daquilo que eu ia escrever foi muito fácil de escolher. Numa das nossas conversas grupais, tendo em conta que nos mantivemos na área da educação, chegamos à conclusão que não existiam livros de origem açoriana que falasse das épocas comemorativas do ano. E isto era importante para o nosso dia a dia profissional.

Foi desta necessidade que surgiram as doze histórias que fazem parte desta coletânea.

Conseguimos elevar ainda mais essa fasquia no que trata a envolvência de turma. Uma das colegas, inclusivamente, já não era aluna na MEP, na escola profissional onde estivemos, já era professora e foi ela que fez a associação entre a ideia que estávamos a ter da criação do livro até à diretora da MEP, que outrora tinha sido nossa professora de português. Assim teríamos turma e escola reunida num mesmo projeto.

Diga-se que o livro recebeu um excelente acolhimento, não só pela diretora como pelos nossos antigos professores que ainda lá andavam a dar aulas.

O livro foi sendo construído através da comunicação entre as três partes: eu, as colegas e a MEP. Na verdade foi um processo muito bonito e saudoso.

O auge deste livro foi o dia de lançamento. O meu coração corria a alta velocidade de ver e abraçar as minhas queridas colegas e os nossos professores, que já não via pessoalmente há anos.

Foi mais de uma década que separou o fim do curso e o lançamento deste 12 meses, 12 histórias, mas revelou ser algo que para mim constitui um marco fantástico na minha história da escrita para crianças.

 Flame