Benedito: O Duende de Natal

Um drama. Era tudo o que apetecia escreve. Eu já tinha feito histórias para ensinar, histórias para rir, histórias para brincar, mas ainda nenhuma para chorar. E eu achei que seria importante ter uma história para chorar, pois a vida é composta por vários sentimentos e emoções e nem todos são agradáveis. Tema que é importante ser encarado nas histórias para crianças com a seriedade e delicadeza que merecem.

Ora esta foi mais uma situação em que me surgiu uma ideia, seguida de uma ausência de criatividade para escrever uma narrativa ao nível da ideia que eu tinha.

Deixei um pouco de parte esta iniciativa, para evitar dar origem a uma história forçada e pouco aprofundada. Passou-se meses em que eu apenas tinha uma ideia registada numa pasta do computador intitulada por “Ideias soltas”.

Num fim de semana, em que o tempo estava verdadeiramente agradável, fiz um trilho contemplativo. Foi uma experiencia que me conduziu a um encontro interno e a um encontro com a natureza. Numa viagem de partilha, eu tanto dei de mim como recebi de tudo o que me rodeava. Senti-me nutrida de informações que tinham tanto de palpáveis como de misteriosas.

Cheguei a casa e simplesmente escrevi, sem tópicos, sem planeamento, sem pesquisa, sem nenhuma estrutura que me garantisse um principio, um meio e um fim, capacitados de uma mensagem. Foi um verdadeiro deleito. Fui escrevendo e as ideias fluíam, umas a seguir às outras.

Foi muito bom escrever a bel-prazer, mas exigiu, nos dias seguintes mais atenção de revisão. Mais frases para clarificar, ideias que precisavam de ser complementadas e outras eliminadas. Ainda assim, foi aqui que surgiu o tal drama que eu tanto queria conseguir escrever.

Admito ser uma história forte, que deverá ter o momento certo para ser lida e mediada com real intenção por parte do adulto, porém no meio de grande e profunda tristeza há musicalidade e subtileza nas entrelinhas. Resultou numa obra pela qual sinto grande afeto.

Para a ilustração, resolvi recorrer novamente às crianças, por valorizar a grande capacidade imaginativa e criativa delas. Durou algum tempo de trabalho individual mas a verdade é que foi gratificante ver a interpretação da história por parte dos ilustradores e a forma como exteriorizaram os desenhos.

Acredito que este Benedito: O duende de Natal, ainda não teve a visibilidade que ele merece, mas que muito em breve encontrará o seu devido lugar na nossa literatura para crianças.

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