Cúpulas

Cada livro teve um percurso muito especial. Mas com o cúpulas houve um toque diferente e isto pelo que já vos vou contar.

Numa das vinda da minha amizade de longa data Maria do Carmo Costa, aqui à ilha terceira, tivemos a oportunidade de partilhar um jantar e foi neste serão que tudo aconteceu.

Eu contei-lhe como estava a correr o projeto sensibilizar e os livros que já tinha feito junto de ilustradores brilhantes. Foi ai que ela me disse que também tinha uma escola com potenciais ilustradores igualmente brilhantes.

A sua turma da Escola de Infantes e Cadetes dos Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada.

Eu fiquei imediatamente entusiasmada, porque eram crianças que se estavam a preparar para, um dia mais tarde, serem soldados da paz. Seria uma honra para mim criar uma história propositadamente a pensar nestes ilustradores, com tamanho altruísmo.

Digo que, tanto eu como a Maria do Carmo, temos aspetos semelhantes de personalidade e, em apenas um serão, toda a estrutura de realização do projeto sensibilizar em São Miguel, ficou organizada, com os pontos que seriam da minha responsabilidade e os da responsabilidade dela, bem como os timings de cada uma das duas.

Depois da decisão de avançar com um novo livro a ser incluído no projeto sensibilizar, voltava à questão de qual seria a problemática a ser abordada, qual o personagem, qual o enredo, entre outros elementos que fazem parte desse processo de criação literária.

Num dia, estava eu a fazer zapping nos canais de televisão, e num dos programas matinais estavam a falar acerca do síndrome de Tourette. Foi o suficiente para criar em mim um estimulo de investigação.

Pesquisei acerca da origem e história deste síndrome, li teses com esta temática, vi vários vídeos com crianças a fazerem testemunhos relacionadas com a sua experiencia social e tudo o que eu ia encontrando com este nome eu ia abrindo e conhecendo.

Quanto mais eu lia mais curiosa ficava, porque o tourette é basicamente o espaço que fica entre o que o portador mentalmente quer e o que realmente o corpo faz. Só de imaginar já me parecia aflitivo.

Não tardou para que estas pesquisas resultassem na escrita e conclusão da história. Porém, foi nesta história que escolhi contar a vida do personagem, desde o nascimento até à morte, isto porque, por um lado esta história iria servir o projeto sensibilizar e, por outro, seria ilustrado por crianças que pretendem ser bombeiros no futuro. E, a morte, certamente, estará muito presente nas suas praticas e, então entendi estender a história também a esta temática tão difícil de entender e aceitar.

Procurei trazer algum sentido de naturalidade para o ciclo de vida de nascer, crescer e morrer, muito embora, creio que faça parte da nossa condição humana nunca estar, totalmente, preparado para a morte.

Em relação aos elementos da ficha técnica, foi a Maria do Carmo que orientou como também o atelier de ilustração, onde foram utilizados materiais de primeiros socorros para a elaboração das imagens do livro.

O termino deste livro contou com o apoio, não só dos Bombeiros de Ponta Delgada, como também da Câmara Municipal de Ponta Delgada.

Posso afirmar que foi, um lançamento munido de muita emotividade e sentimento de missão cumprida.

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