ZUIM

Depois de já ter feito vários trabalhos literários para o publico infantil de Angra do Heroísmo, pensei em realizar um que fosse unicamente dedicado às crianças residentes na Praia da Vitória.

Foi neste sentido que, através da Tânia Mendes, cheguei ao projeto D’Arte, dinamizado pelo departamento de educação e reabilitação da cooperativa praia cultural da camara municipal da praia da vitória.

Após aprovação de apoio ao projeto sensibilizar pela Câmara Municipal da Praia da Vitória, eu e as responsáveis pelo projeto D,Arte, organizamos o desenvolvimento de mais um livro do projeto sensibilizar e tratamos da reunião dos ilustradores.

Depois, como já era habitual para mim, voltei novamente a uma zona temporal de vazio, sem saber o que escrever, que personagens construir, que aventuras e desventuras e, mais do que isso, qual seria a problemática escolhida para dar tema à história.

Num dia, estava eu inserida numa conversa entre professoras, quando uma delas diz, em tom de insatisfação, que parecia que todos os pais queriam que os filhos fossem sobredotados, pelo grau de exigência que colocavam nos miúdos e consequentemente nos professores.

Na continuação do dialogo, a outra professora continuou o raciocínio apresentando outra perspetiva. Que a sobredotação estava, de certo modo a ser mal interpretado pela sociedade, pois apesar da sobredotação ser sinónimo de saber muito de forma precoce que não deixava de ser uma necessidade educativa especial, cujo revesso da moeda da demasiada sabedoria, viriam todas as condicionantes no relacionamento com as crianças da mesma idade ou até mesmo as perturbações emocionais.

Continuei silenciosamente a acompanhar o dialogo entre o pequeno grupo daquelas profissionais da educação e o final desta conversa ficou concluída mais ou menos assim: Se os pais realmente soubessem o que acarreta para a criança ser um filho estrela, não o desejavam para os seus.

Diga-se que, para mim, ter estado presente nesta conversa foi muito mais do que aquilo que eu esperava naquele momento. Sobredotação seria, sem dúvida, o tema do próximo livro que iria ser articulado com a Praia da Vitória.

Voltei aos meus documentos académicos e a uma condensada pesquisa acerca desta problemática e, tal como as outras fiquei encantada, principalmente pelas questões que desmistificavam a espetacularidade de uma criança ser portadora de sobredotação.

A partir deste estudo, acabou por ser fácil imaginar como seria a história ou como estrutura-la no papel.

Depois da história concluída, passamos à fase da ilustração. Desta vez sendo o atelier de ilustração orientado pela minha amiga e talentosa Maria do Carmo Lima.

Foi muito gratificante trabalhar com as crianças selecionadas e mais gratificante se tornou, quando, anos depois, uma das crianças, me abordou na rua a relembrar-me de pormenores deste atelier que eu já nem me lembrava. Ver o impacto positivo do nosso trabalho numa criança, só pode ser calculado por valor qualitativo.

Após a edição do livro, passeei pelas escolas da praia da vitória a oferecer aos alunos o tão interessante Zuim.

Tanto este livro como todos os outros foi muito rico na quantidade de pessoas envolvidas, embora nas fichas técnicas de cada obra apenas estejam referidas as pessoas que participaram diretamente na elaboração.

Foi uma comunidade que se reuniu em torno deste movimento criativo, desde crianças, profissionais de educação, pais, câmara municipal, coordenadora de atelier de ilustração, fotografo, designer, empresas que apoiaram o projeto, enfim, avanço a dizer que contabilizando as participações diretas e indiretas contei com centenas de pessoas por cada obra realizada neste projeto Sensibilizar.

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